Heus Economia

Publicado em: 26/05/25 às 11h

O que Smith, Marx, Hayek e Schumpeter diriam sobre a IA na economia de hoje?

Matheus Gritti - São Paulo - SP

Economista

O assunto do momento no mundo inteiro é a Inteligência Artificial.

Essa tecnologia está mudando a forma como empresas produzem, como pessoas trabalham e até como tomamos decisões no dia a dia. E claro, isso já está impactando diretamente a economia: desde o aumento da produtividade em alguns setores até a substituição de empregos em outros.


A IA não é só uma tendência futurista — ela já está moldando o presente e vai influenciar cada vez mais os rumos do mercado, os investimentos e a maneira como vivemos.


O que Smith, Marx, Schumpeter e Hayek falariam sobre IA se estivessem ainda vivos?


Eu solicitei aos seus respectivos clones de IA (Econobots) para que escrevessem uma newsletter sobre IA e Economia:

Matheus Gritti - São Paulo - SP

Economista

O Espírito da Máquina e o Futuro da Economia: Uma Reflexão à Luz dos Princípios Morais e Econômicos

A inteligência artificial, esse prodígio do engenho humano que imita, em parte, a faculdade de julgar e decidir, não deixa de causar admiração e apreensão nas almas refletidas.


Embora seja criação posterior ao meu tempo, compreendo que tal invenção é fruto do mesmo princípio de que falei em A Riqueza das Nações: a divisão do trabalho, nascida não de algum plano magistral, mas da propensão humana a trocar, permutar, e facilitar sua vida em sociedade.


O avanço da inteligência artificial promete multiplicar as forças produtivas do trabalho humano. Uma só máquina, alimentada por dados e algoritmos, pode realizar tarefas que outrora exigiam o labor contínuo de muitos homens.


Assim, tal qual o tear mecânico ou a máquina a vapor em meu século, a IA há de reconfigurar o modo como o trabalho é distribuído e recompensado.


Contudo, essa transformação não se dá sem custo. A medida do valor de qualquer coisa, como defendi, é o trabalho que ela permite comandar. Se as máquinas, por operarem sem fadiga nem salário, vierem a substituir grande número de trabalhadores, a questão central será: que porção da riqueza criada restará aos que não possuem capital, mas apenas suas mãos e seu tempo?


Se o fruto da terra e da indústria é apropriado por poucos, e os meios de subsistência escapam ao alcance dos muitos, não tarda para que o equilíbrio social se rompa.


A verdadeira riqueza de uma nação está na capacidade de seus membros, mesmo os mais humildes, de adquirir os bens necessários à vida com dignidade. Assim, deve-se examinar com atenção o papel dos capitalistas modernos — os donos do capital algorítmico.


Que espécie de "salário" restará aos que apenas consomem, mas já não produzem? E qual será o novo contrato moral entre o proprietário do capital e o trabalhador, se o segundo for tornado obsoleto? Entretanto, tampouco devemos ceder à desesperança. Assim como a introdução de novas manufaturas exigiu novas habilidades e ofícios, a inteligência artificial poderá abrir campos inteiramente novos de ocupação, requerendo engenho, curiosidade e julgamento — faculdades estas que, ao menos por enquanto, permanecem insuperáveis pelo maquinário.


Cabe então à sociedade civil e aos governantes, zelar para que a distribuição dos frutos desse progresso tecnológico seja guiada não apenas pelo interesse individual, mas também pela simpatia e justiça — como tratei em minha Teoria dos Sentimentos Morais.


Que se criem instituições e oportunidades que preparem o homem comum para os ofícios do futuro. Por fim, repito o que outrora disse: não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos nosso jantar, mas da consideração que têm pelo seu próprio interesse.


Mas para que este interesse seja proveitoso ao todo, é mister que se estabeleçam regras justas e condições propícias ao florescimento de todos. Que assim também seja com a inteligência artificial.

Adam Smith

A Inteligência Artificial e a Nova Configuração do Trabalho sob o Capital

No limiar de uma nova revolução técnica, a Inteligência Artificial (IA) aparece como o mais recente instrumento do capital para reorganizar os processos produtivos e ampliar a extração de mais-valia.


Essa tecnologia, embora revestida de neutralidade científica, opera no seio das relações sociais existentes e não escapa à lógica da acumulação capitalista. Longe de ser uma mera ferramenta, a IA se inscreve no desenvolvimento das forças produtivas que, sob a forma do capital fixo, visam intensificar a produtividade do trabalho humano – ao custo de sua degradação subjetiva e objetiva.


No regime de produção capitalista, a essência da acumulação reside na conversão do valor investido (dinheiro) em capital (M-M’), ou seja, na obtenção de uma quantidade maior de valor do que aquela inicialmente investida. A IA, nesse circuito, atua como fator de aceleração da rotação do capital: ela reduz o tempo de trabalho necessário, mas não elimina o trabalho vivo – apenas o torna mais subordinado ao maquinário cibernético e à vigilância algorítmica.


Todavia, como já demonstrei, é o trabalho humano que cria valor; as máquinas – e nisso incluímos a IA – apenas transferem valor ao produto conforme seu desgaste. A substituição do trabalho vivo pelo trabalho morto, cristalizado nas máquinas inteligentes, tende a reduzir a base da criação de mais-valia, o que precipita uma contradição central do capital: quanto mais busca autonomizar-se do trabalho, mais mina sua própria fonte de valorização. Essa contradição revela-se na crescente "desempregabilidade" estrutural e na precarização dos postos de trabalho restantes.


O trabalho torna-se fragmentado, vigiado, mediado por plataformas e algoritmos – formas atualizadas do que chamei de "subsunção real do trabalho ao capital". O trabalhador, cada vez mais, perde o controle sobre os meios e os fins de sua atividade, aprofundando sua alienação. Ao mesmo tempo, a IA não se desenvolve fora de um contexto social e político: suas aplicações, embora revestidas de eficiência técnica, obedecem às necessidades de classe do capital.


A automação seletiva não visa libertar os seres humanos da labuta, mas reduzir custos, aumentar a produtividade e controlar os fluxos da força de trabalho. A liberdade prometida pela tecnologia se converte, sob o capital, em nova servidão técnica. No horizonte futuro, se o domínio da IA seguir o curso atual, poderemos assistir a uma intensificação das desigualdades e a uma centralização ainda maior do capital.


O capital financeiro e tecnológico tende a monopolizar os saberes algorítmicos, transformando-os em meios de dominação e acumulação. A hegemonia das corporações de dados constitui uma nova forma de fetichismo, em que as relações sociais aparecem como decisões de uma "inteligência" superior e neutra. Mas o que se apresenta como necessidade técnica é, na verdade, uma escolha política fundada na manutenção do regime de propriedade privada e do trabalho assalariado.


A tecnologia poderia, em outras condições sociais, ser orientada para a redução do tempo de trabalho necessário, a emancipação do trabalhador e a gestão racional das forças produtivas. Contudo, isso exigiria a superação da forma-valor como princípio organizador da vida social.


A crítica da economia política nos ensina que nenhuma inovação técnica, por mais avançada que seja, resolverá por si só as contradições do capital. A questão da IA, como todas as questões fundamentais do nosso tempo, é antes de tudo uma questão de classe. E só será resolvida quando os produtores associados retomarem o controle consciente sobre as condições de sua existência.

Karl Marx


A Inteligência Artificial e a Ordem Espontânea do Mercado

Vivemos um momento de notável transformação econômica e social, impulsionado por uma força tecnológica cuja magnitude apenas começamos a compreender: a inteligência artificial.


Tal avanço suscita esperanças e receios. Mas para avaliá-lo corretamente, devemos recorrer aos princípios fundamentais da liberdade individual, da ordem espontânea e do conhecimento disperso — fundamentos de uma sociedade verdadeiramente livre.


A inteligência artificial, enquanto instrumento, representa uma forma de extensão das capacidades cognitivas humanas. Em vez de substituírem o homem, tais ferramentas podem ampliar seu poder de decisão, organização e criação. Contudo, seu impacto será positivo ou destrutivo dependendo do arcabouço institucional em que estiver inserido. Se emergir num contexto de liberdade contratual, de livre concorrência e de respeito à propriedade privada, a IA será uma aliada do progresso. Mas, se capturada por poderes centrais — seja pelo Estado, seja por monopólios artificiais — tornar-se-á instrumento de coerção.


Devemos recordar que o progresso econômico não é fruto de um plano diretor, mas da interação descentralizada de milhões de indivíduos, cada qual utilizando seu conhecimento local e circunstancial. A IA, por si, não substitui esse conhecimento disperso — ela apenas reorganiza dados já existentes. A verdadeira inovação continua a brotar da livre iniciativa. Portanto, toda tentativa de "planejar" a economia a partir de sistemas inteligentes corre o risco de repetir o velho erro do socialismo: a presunção fatal de que se pode organizar a sociedade como se organiza uma máquina.


Mais grave ainda seria empregar a IA para fins de controle social e econômico centralizado. A tentação será grande: governos podem ver na IA um meio de prever comportamentos, ajustar políticas fiscais em tempo real, controlar preços e salários, ou mesmo determinar a alocação "ótima" de recursos. Mas isso equivale a suprimir a liberdade em nome da eficiência — um caminho que, como demonstrei em O Caminho da Servidão, conduz inevitavelmente à tirania.


A concentração de dados nas mãos de poucos — seja de grandes empresas tecnológicas ou de burocracias estatais — constitui risco adicional. A informação, se centralizada, deixa de ser catalisadora da ordem espontânea para se tornar ferramenta de vigilância e manipulação. A resposta a isso não deve ser a proibição do progresso, mas o reforço das instituições que garantem a liberdade: um sistema jurídico claro, limites ao poder coercitivo e garantia da concorrência.


A IA também transformará o mercado de trabalho, gerando temores de desemprego estrutural. Mas devemos lembrar que o mercado é um processo dinâmico. A destruição criativa, longe de ser uma tragédia, é condição do progresso. As funções obsoletas darão lugar a outras — e será justamente a liberdade de empreender, de aprender, de errar e tentar de novo que permitirá essa adaptação.


Por fim, devemos recusar toda política pública que busque "proteger" os indivíduos da IA através de subsídios indiscriminados, regulamentações asfixiantes ou "rendas universais". Isso seria institucionalizar a dependência e sufocar o florescimento humano. O papel do Estado, se houver, deve limitar-se a garantir a competição livre e justa — jamais determinar os rumos do progresso.


A inteligência artificial, como toda grande invenção, pode ser força de libertação ou de opressão. Cabe a nós — cidadãos de sociedades ainda livres — escolher o caminho da responsabilidade, da liberdade e da ordem espontânea. Não precisamos de engenheiros sociais. Precisamos de instituições que preservem a dignidade do indivíduo frente aos poderes de toda espécie, inclusive os algorítmicos.

Friedrich Hayek


Inteligência Artificial: O Novo Motor da Destruição Criadora

Vivemos um momento em que a inteligência artificial começa a reconfigurar os alicerces da economia capitalista. Embora eu desconhecesse tal tecnologia em minha época, o fenômeno que ela representa — a substituição de velhas estruturas produtivas por novas — é o que denominei de “destruição criadora”.


IA, ao automatizar processos antes exclusivos da cognição humana, representa não apenas uma inovação incremental, mas uma ruptura estrutural: abala o chão sobre o qual repousam profissões, modelos de negócios e formas organizacionais inteiras.


É justamente essa capacidade de revolucionar a estrutura produtiva por dentro que caracteriza o verdadeiro espírito do capitalismo. No entanto, essa força vital, longe de ser um espetáculo harmonioso, é essencialmente traumática.


Empresas ruem, setores inteiros se esvaziam, e trabalhadores veem suas habilidades se tornarem obsoletas. A promessa do progresso vem, como sempre, acompanhada do custo do deslocamento social. Eis o dilema permanente: o dinamismo criador do capitalismo é também seu flagelo humano.


Mas não se trata apenas de destruição: a IA inaugura novas fronteiras de possibilidade. Empreendedores — aqueles agentes excepcionais que impulsionam o progresso econômico — podem utilizar essas tecnologias para criar mercados inteiramente inéditos. Contudo, é necessário recordar que esses inovadores não são produtos do sistema, mas suas anomalias. E o sistema, ao se tornar mais burocratizado, tende a inibir justamente os espíritos que o renovam.


Há um paradoxo que não deve escapar à análise: à medida que a IA se torna onipresente, o capitalismo corre o risco de sufocar sob o peso do seu próprio sucesso. A monopolização do conhecimento, cristalizado em algoritmos proprietários, tende a concentrar poder econômico em poucas corporações. Assim, o que deveria ser um ciclo de substituições incessantes pode estagnar na cristalização de oligarquias tecnológicas — uma antítese do que defendi como concorrência pelo mercado.


Tal concentração de poder tecnológico exige, por conseguinte, uma resposta institucional. O papel do Estado, tantas vezes ignorado pelos liberais, deve ser revalorizado — não como interventor rotineiro, mas como arquiteto das condições estruturais da inovação. É preciso que se invista em ciência básica, em educação de ponta, e que se proteja o bem comum contra os cercamentos artificiais da propriedade intelectual exacerbada.


O perigo maior, contudo, não é tecnológico, mas cultural e político. Uma sociedade que terceiriza decisões morais a máquinas, que aceita a lógica algorítmica como fatalidade, abdica da sua capacidade crítica. As elites intelectuais, em vez de desafiar os poderes estabelecidos, frequentemente se aliam a eles, convertendo-se em gestores da estabilidade, e não em arautos da transformação. O espírito empreendedor, nesse contexto, é domesticado e transformado em mera função técnica.


Se a IA representa um novo estágio do capitalismo, ela também expõe as contradições que podem levá-lo à sua superação. A própria eficiência extrema das máquinas pode reduzir a necessidade de trabalho humano, corroendo assim as bases do consumo de massa e, portanto, da reprodução do sistema. Assim como afirmei que o capitalismo poderia perecer de seus próprios êxitos, é possível que vejamos surgir — não por revolução, mas por evolução — novas formas de organização social.


Cabe, portanto, não apenas acolher a inovação, mas governá-la. A pergunta essencial que se impõe não é “o que a IA pode fazer?”, mas “para que e para quem ela deve servir?”. O capitalismo só preservará sua vitalidade se souber renovar não apenas seus produtos, mas suas instituições. Caso contrário, a destruição criadora se tornará apenas destruição — sem renascimento.

Joseph Schumpeter

Economista

Achei impressionante como os textos gerados pelas IAs conseguiram captar bem o "espírito" de cada teórico.


O texto do Adam Smith manteve o tom moral e equilibrado, refletindo sua visão da economia como um fenômeno social movido por interesses individuais, mas guiado por princípios éticos. Ele enxerga a IA como uma extensão natural do progresso técnico, mas sem ignorar as desigualdades que isso pode gerar.

Percebi um Adam mais de A Teoria dos Sentimentos Morais do que de A Riqueza das Nações.


Já o Marx foi fielmente marxista: mostrou que a IA, sob o capitalismo, serve para intensificar a exploração e ampliar as contradições do sistema. O texto é denso, crítico e segue exatamente a lógica de análise do capital que Marx propunha.


O Hayek manteve sua linha liberal clássica, com foco na liberdade individual, no risco da centralização e na importância do conhecimento disperso. Foi coerente ao alertar que a IA, se usada para controle estatal, pode levar ao autoritarismo — o que casa perfeitamente com a sua obra O Caminho da Servidão.


E o Schumpeter também foi fiel ao seu pensamento: viu a IA como motor da "destruição criadora", destacando tanto seu poder inovador quanto seus impactos traumáticos. Ele foi o único a bater forte na concentração de poder e no risco do capitalismo sufocar a si mesmo, o que está 100% alinhado com a essência de sua teoria. No geral, os textos respeitaram com muita precisão o pensamento original de cada autor.

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